sábado, 31 de outubro de 2015

Contos cruéis (1883) 
Villiers de L'Isle-Adam (1839-1889) - França     
Tradução: Fernanda Barão       
Lisboa: Estampa, s/d, 150 páginas 



Aqui o leitor é induzido a erro: trata-se apenas de uma seleção de oito das 29 narrativas presentes na coletânea que dá título ao livro original. O autor pertence a uma época que premia o beletrismo, portanto muitas vezes os textos ficam prejudicados pelo excesso de torneios verbais. Os temas são variados, embora possam ser agrupados em contos fantásticos ("Vera" e "Intersigno"), absurdos ("O conviva das últimas festas" e "Narrativa sombria, mais sombrio narrador", "Os salteadores"), de recriação histórica ("Impaciência da multidão" e "O anunciador") e até mesmo uma realista diatribe contra o mundo literário da época, o sarcástico "Dois augúrios". Os destaques vão para "Intersigno", que consegue criar uma impressionante atmosfera, misto de estranheza e melancolia; os cruéis - justificando a nomenclatura escolhida pelo autor - "O conviva das últimas festas", sobre um aristocrata, verdugo por prazer, e "Os salteadores" e "Impaciência da multidão", que discutem a loucura que acomete as aglomerações humanas, quando tomadas pelo medo e pela estupidez; e "Narrativa sombria, mais sombrio narrador", em que um ato impensado redunda em tragédia*.


* É patente a influência do autor sobre o escritor brasileiro João do Rio (1881-1921), na escolha dos temas, na criação da atmosfera, na estranheza dos personagens. 


Avaliação: BOM

(Outubro, 2015)





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