domingo, 1 de novembro de 2015

Frenesi de verão (1931) 
Erskine Caldwell (1903-1987) - Estados Unidos    
Tradução: Maslowa Gomes Venturi     
São Paulo: Ibrasa, 1967, 157 páginas 




Coletânea de 24 contos breves que tematizam a vida de gente pobre, ignorante e violenta de núcleos rurais ou pequenos povoamentos de uma faixa que estende pelo leste dos Estados Unidos, da Georgia e Virgínia à fronteira com o Canadá. O livro enfeixa algumas obras-primas da narrativa curta, como "Sábado à tarde", uma das mais contundentes peças de ficção da literatura mundial sobre o racismo, ou o magnífico "A velha de Joe Craddock", que em duas comoventes páginas relata o destino de Julia Craddock, mãe de 11 filhos, que, após trabalhar todos os dias de quatro da manhã às nove da noite durante dez anos, sem nunca ter saído do sítio, morre, aos 35 anos. Quando volta da funerária, lavada, unhas tratadas, rosto coberto de pó de arroz e rouge, rolinhos de algodão dissimulando a face cavada, está tão bonita que nem é reconhecida pelo viúvo e filhos (p. 69-70). A impossibilidade do amor é assunto recorrente, como nos ótimos "A estação dos morangos", "A hóspede", "A união de Marjorie". À selvageria presente em "Memorandum" e "Dia de pagamento no rio Savannah", o autor contrapõe a ternura de "Molly Rabo-de-Algodão" ou "As dez mil caixas de cereja". Mas, embora não comprometam, há anedotas dispensáveis, como "Uma garota bonita", "Dizem...", "John, o índio e George Hopkins".





Avaliação: MUITO BOM

(Outubro / novembro, 2015)






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