sexta-feira, 27 de novembro de 2015

(
Soldados rasos (1929) 
Frederic Manning (1882-1935) - Austrália          
Tradução: Fal Azevedo         
São Paulo: Carambaia, 2014, 476 páginas  


O soldado raso Bourne, um daqueles sujeitos "(...) que tentam cruzar a ponte antes mesmo de chegar a ela" (p. 172), distingue-se de seus camaradas pela indiferença com que encara o dia a dia da guerra. Australiano, ex-aluno de Eton, uma das mais tradicionais e elitistas escolas da Grã-Bretanha, ele conquista a simpatia de seus iguais e a confiança dos superiores pela generosidade com que divide os pacotes que recebe da família (uísque, doces, bolos, cigarros) e o destemor com que enfrenta os perigos no front. A narrativa, que cobre o período de julho a novembro de 1916, durante a chamada Ofensiva do Somme, uma das batalhas mais sangrentas da história da Humanidade, acompanha os intermináveis preparativos para a entrada em ação do batalhão ao qual pertence Bourne. As simulações, as marchas, o tédio, a ansiedade, as primeiras escaramuças, a longa espera até finalmente ocuparem as trincheiras enlameadas e enfrentar os alemães a poucos passos. Ironicamente, Bourne, que se sentia confortável na pele de soldado raso - "um homem que lutava desesperadamente por si mesmo e consciente de que, em última instância, estava sozinho" (p. 290) - acaba se sobressaindo e recebendo uma promoção, que, no entanto, chega muito tarde. Um romance sobre o absurdo da existência humana.



Avaliação: BOM   

(Novembro, 2015)


Entre aspas

"Os homens se unem mais intimamente pelas lembranças triviais que compartilharam do que pelas obrigações mais sagradas (...)" (p. 176)


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