quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Nada de novo no front (1929) 
Erich Maria Remarque (1898-1970) - Alemanha       
Tradução: Helen Rumjanek        
São Paulo: Abril, 1974, 236 páginas  




Incitados pelo professor de ginástica, Paul Bäumer e seus colegas de turma decidem alistar-se no exército. Em 1914, já se encontram na frente de batalha na fronteira com a França. Este é o relato de Bäumer, um jovem idealista que deixou para trás "(...) um começo de drama (...) e um monte de poemas" (p. 26), e sua transformação em um ser aniquilado, cuja única preocupação é sobreviver mais um dia em meio à matança sem sentido. O campo de batalha, onde enfrentam os rigores do clima, os ratos, a lama, os piolhos, a fome, a artilharia constante, o gás mostarda, torna todos "(...) duros, desconfiados, vingativos e brutais (...)" (p. 31). Um a um vão caindo os colegas de escola - Behm, Kropp, Müller, Leer, Kemmerich - e os de farda - o ferreiro Tijaden, o turfeiro Westhus, os camponeses Detering e Katczinsk - sem sequer compreender por que estão lutando. Em outubro de 1918, poucos dias antes do armistício, Bäumer é morto, "no rosto uma expressão tão serena, que parecia satisfeito de ter terminado assim" (p. 235). Tinha 22 anos, e, como os companheiros de geração, achava-se "sem raízes e sem esperanças" (p. 234). Impressionantes os trechos em que narra a agonia de um soldado (p. 109-110) ou o assassinato de um inimigo (p. 172-188). Um triste libelo contra a estupidez humana. 


Avaliação: MUITO BOM 

(Novembro, 2015)


Entre aspas

"(...) quando você ensina um cachorro a comer batatas, e, depois, dá-lhe um pedaço de carne, ele o abocanhará a despeito disto, porque está em sua natureza. E se você der autoridade ao homem, acontece a mesma coisa: ele vai-se atirar a ela. Isto vem naturalmente: o homem, no começo, é um animal, e, só depois, como um pão que recebe manteiga, deixa-se recobrir com uma camada de decência". (p. 45)


"Nada sei sobre eles, só que são prisioneiros, e é exatamente isto que me impressiona. Suas vidas são anônimas e sem culpa; se soubesse algo mais a seu respeito, como se chamam, como vivem, o que esperam, o que os atormenta, talvez o meu sentimento tivesse um objetivo concreto, e pudesse transformar-se em compaixão. Mas, agora, vejo por trás deles apenas a dor anônima da criatura humana, a terrível melancolia da vida, e a falta de piedade dos homens". (p. 160)

"Parece que se apagaram as diferenças que a cultura e a educação criaram, e quase não as reconhecemos mais. (...) É como se, antigamente, tivéssemos sido moedas de países diversos; derreteram-nas, e, agora, todas têm o mesmo cunho. Se se quiserem reconhecer as diferenças, então é preciso examinar cuidadosamente o metal. Somos soldados, e só depois, e de uma maneira estranha, quase envergonhada, é que somos indivíduos". (p. 218)




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