quarta-feira, 9 de setembro de 2015


O bosque das ilusões perdidas (1913) 
Alain-Fournier (1888-1914) - França 
Tradução: Maria Helena Trigueiros
São Paulo: Círculo do Livro, s/d, 207 páginas



Não gosto do título da edição brasileira, pois remete ao romance de Honoré de Balzac (1799-1850), Ilusões perdidas (1837-43), quando não há nenhuma relação entre eles. O correto teria sido traduzir literalmente o original, "O Grande Meaulnes", mas provavelmente os editores se intimidaram com o sucesso de "O Grande Gatsby" , de Scott Fitzgerald (1896-1940), que é bem posterior (1925) mas muito mais conhecido. Livro estranhíssimo esse, narrado em clima de sonho, beirando ao fantástico mais delirante, mas que pouco a pouco vai se revelando bem mais realista do que imaginávamos. O efeito conseguido pelo autor deve-se à maneira impressionista com que relata essa história de amor, decadência, loucura, amizade e desilusão. O narrador, François Seurel, conta a aventura de seu colega de escola, o Grande Meaulnes, que um dia, sem querer, participa de uma extraordinária cerimônia de casamento, que acaba não se consumando. Os três dias em que permanece desaparecido vão marcá-lo para sempre. É neste curto período que conhece Frantz de Galais, o noivo rejeitado, de quem se torna amigo, e vislumbra Yvonne de Galais, irmã de Frantz, por quem se apaixona. Meaulnes passará a vida tentando recriar o passado, acossado pelo presente conturbado e frustrante, cheio de segredos e mistérios.

Avaliação: BOM


Entre aspas

"Enquanto o tempo corre, neste mesmo dia que eu gostaria que já tivesse terminado, (...) existem homens moribundos, outros têm a prazo umas promissórias e desejariam que o amanhã nunca chegasse. Outros há para quem a manhã despontará como um remorso; outros que estão fatigados e para quem esta noite será longa o bastante para propiciar todo repouso de que necessitam. E eu, eu que perdi o dia, com que direito ouso desejar que o amanhã chegue?" (p. 194)


(Agosto de 2015)


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