sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Felicidade e outros contos (1923) 
Katherine Mansfield (1888-1923) - Nova Zelândia 
Tradução: Julieta Cupertino 
Rio de Janeiro: Revan, 1992, 140 páginas  


Nesta coleção de contos, a autora revela-se no auge de sua forma. São oito pequenas narrativas e todas, sem exceção, constituem obras-primas que, seguindo a lição do russo Anton Tchekov (1860-1904), mais omitem que expõem as tramas. Aliás, seu mestre é citado literalmente à p. 21: "(...) eles lhe faziam lembrar uma peça de Tchekov!". No Brasil, sua influência é notória em Clarice Lispector (1920-1977). Mansfield descreve, por meio de um diálogo em "Psicologia", o substrato de suas preocupações literárias: "Você quer dizer que (...) os jovens escritores de hoje (...) estejam simplesmente tentando invadir a área dos psicanalistas?" A que o jovem escritor responde: "(...) penso que (...) esta geração é bastante sábia para perceber que está doente e para compreender que sua única oportunidade de cura é examinar os sintomas (...) tentando chegar às raízes do mal" (p. 34). A solidão da condição da mulher, mergulhada em um mundo machista e perverso, é tema recorrente em suas narrativas. Não há diferença entre a burguesa sofisticada de "Felicidade" e a proletária de "A pequena governanta": ambas são vítimas de homens inescrupulosos. Impressionante como a autora consegue transitar entre as classes médias alta e baixa com absoluta segurança! Destaque ainda para o belíssimo "O canário".

Avaliação: OBRA-PRIMA

(Setembro, 2015)


Entre aspas

"(...) com frequência sinto que é perigoso esperar pelas coisas, que, se ficamos esperando, elas vão se afastando cada vez mais." (p. 125)

"Talvez não importe muito o que amamos neste mundo. Mas devemos amar alguma coisa." (p. 134)




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