terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A cruzada das crianças (1896)

Marcel Schwob (1867-1905) -  FRANÇA  

Tradutor: Milton Hatoum  

São Paulo: Iluminuras, 1987, 85 páginas



Ficção baseada numa história real que... parece literatura... Os estudiosos concordam que por volta do ano 1212 registraram-se alguns movimentos no que é hoje França, Alemanha e Países Baixos de grupos de crianças que, fanatizadas por alguma liderança mística, largaram tudo e puseram-se em peregrinação em direção a Jerusalém, com o fito de tomá-la das mãos dos muçulmanos. Sem qualquer organização prévia, sem conhecimentos da geografia e do clima dos lugares por onde iriam passar, simplesmente contavam com a milagrosa ajuda divina, já que se sentiam puros, e portanto infensos a qualquer agressão, fosse do meio ambiente, fosse dos infiéis. O Autor resgata esse episódio, em si totalmente fantástico, e reconta-o sob oito pontos de vista diferentes: o de um goliardo, o de um leproso, o do Papa Inocêncio III, o de três criancinhas que faziam parte da cruzada, a de um clérigo de Marselha, o de um muçulmano, o de uma outra criança e finalmente o do Papa Gregório IX, que substituiu o antecedente. Esses relatos compõem um vasto panorama da história daquela cruzada, que evidentemente terminou em  tragédia, com crianças assassinadas, escravizadas ou abandonadas pelo caminho, que nem chegaram a Jerusalém nem conseguiram voltar para casa -  mas não só. Alegoria do fanatismo, do egoísmo e da incompreensão em todos os tempos, esse conto serve como excelente reflexão sobre os nossos tempos...


Avaliação: MUITO BOM

(Fevereiro, 2021)



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