quarta-feira, 23 de setembro de 2020

                                  Histórias de vampiros 

Vários autores 

 Vários tradutores  

Lisboa: Estampa, 1988, 226 páginas


Este livro reúne nove contos, uma menção (interessantíssima, aliás) e um depoimento, que considero de extremo mau gosto... Vamos lá. O livro se inicia com uma menção à superstição da existência de vampiros, numa pretensa carta do papa Bento XIV (1675-1758) a um arcebispo, talvez uma das referências inaugurais ao mito. E segue com aquele que é considerado o primeiro conto escrito, tendo como protagonista um vampiro: a narrativa de John William Polidori (1795-1821), médico de Lord Byron (1788-1824). Ele acompanhou o grupo liderado por Byron, que incluía ainda o casal Percy Bysshe (1792-1822) e Mary Shelley (1797-1851), que, presos pelo mau tempo num castelo na Suíça, pensaram em inventar histórias de terror para passar o tempo. Só Mary Shelley e Polidori cumpriram o compromisso: ela, escreveu Frankestein (1818), resenhado aqui no dia 18-09-2020, e ele escreveu esse conto, O vampiro, publicado em 1819, história de um aristocrata que tem como elixir da vida eterna o consumo de sangue humano... A coletânea traz ainda contos do alemão E.T.A. Hoffmann (1776-1822), dos franceses Charles Nodier (1780-1844), Prosper Merimée (1803-1870) e Conde de Lautréamont (1846-1870), dos estadunidenses Edgar Allan Poe (1809-1849) e Ray Bradbury (1920-2012), do inglês Conan Doyle (1859-1930), e do romeno Gherasim Luca (1913-1994). Sempre achei - e cada vez mais me convenço disso - que as narrativas de Poe e de Hoffmann são histórias para adolescentes, perdem completamente o interesse para o leitor adulto. Eu destacaria os contos de Conan Doyle, porque seu detetive Sherlock Holmes e seu eterno companheiro, o médico John Watson, na maior parte das vezes proporciona inteligentes deduções, e de Bradbury, mestre da ficção especulativa, que aqui comparece com um conto, hum, digamos, mais "realista"... Mas o destaque mesmo vai para a pequena obra-prima de Merimée, "Lokis",  divertida e sofisticada incursão pelo fantasioso mundo da... literatura... Agora, para terminar, os organizadores incluíram o depoimento de John Haig, o chamado "vampiro de Londres", serial killer condenado à morte por enforcamento em 1949, um relato de embrulhar o estômago e que nada acrescenta, literariamente falando...
 



AVALIAÇÃO: BOM

(Setembro, 2020)


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