terça-feira, 12 de maio de 2020

O falecido mundo burguês  (1966)
Nadine Gordimer (1923-2014) ÁFRICA DO SUL      
Tradução: Carlos Sussekind             
São Paulo: Art Editora, 1985, 154 páginas




Estamos no final na década de 1950 na África do Sul. Max Van Den Sandt, filho "de um dos líderes da bancada do Governo Smuts, mas também o diretor de numerosas companhias, desde o ramo de fabricação de cigarros até o de embalagens de plástico" (p. 38), vive uma infância  e adolescência de conforto e luxo e está sendo preparado para substituir o pai na política e nos negócios. No entanto, ele se rebela. Entra na faculdade para fazer letras e, ligado a uma célula comunista, aproxima-se dos ativistas contra o apartheid. Casa-se com Elizabeth, "(...) descendente de uma antiga família holandesa do Cabo, que se unira, através de múltiplos casamentos, com pessoas de fala inglesa, servira em diversas embaixadas sul-africanas na Europa (...)" (p. 33-34), mas cujo pai era "um comerciante de cidade pequena" (p. 38). Eles têm um filho, Bruce, Bobô, que praticamente não convive com o pai, pois Elizabeth pouco a pouco se desliga das atividades frenéticas de Max, até se separarem de vez. Pouco a pouco, Max se radicaliza na luta contra o governo racista sul-africano até participar de um atentado a bomba - preso, levado a julgamento, ele trai a causa e entrega seus companheiros. No final, ele se mata, jogando-se com seu carro nas águas do oceano na Cidade do Cabo: "Max era incapaz de perceber as necessidades de outra pessoa que não fosse ele" (p. 67), constata, melancólica, Elizabeth. Max é um fascinante personagem desperdiçado, pois só conhecemos a história dele lateralmente, por meio do relato de Elizabeth. Elizabeth vive em Joanesburgo, trabalha num laboratório de análises clínicas e mantém uma relação aberta com Graham, um advogado bem sucedido. Além disso, permanece em contato, ainda que esporádico, com militantes antigovernistas, como  Luke Fokase. O livro termina com uma visita de Luke, que a convence em ajudar seu grupo a receber dinheiro vindo do exterior. Elizabeth pensa na conta bancária da avó, senil, internada num asilo, para auxiliá-los. A luta continua! Um bom retrato daquele momento da história da África do Sul.

 Avaliação: BOM


(Maio, 2020)

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