segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Histórias sobrenaturais (1884-1926)
Rudyard Kipling (1865-1936) - INGLATERRA                  
Tradução: José J. Veiga     
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, 493 páginas


Reunião de 33 contos que emulam temas envolvendo fantasmas e espíritos, enfim, eventos não de todo explicáveis pela Razão. Do total, 24 narrativas têm como cenário o território ao norte da Índia,  fronteira com o agora Paquistão. embora os protagonistas sejam todos britânicos. As melhores histórias, curiosamente, contam como pano de fundo os horrores da Primeira Guerra Mundial e estão entre os últimos escritos do Autor: "Varrido e enfeitado", uma terrível alucinação de uma mulher alemã que vê em seu quarto crianças belgas assassinadas por seus compatriotas; "Nossa Senhora das Trincheiras", um caso de trauma de guerra, com aparições e suicídio; e o excelente "O jardineiro", a busca de uma tia pela tumba do sobrinho desaparecido no campo de batalha. No ciclo indiano, destacam-se "O signo da Besta", "A volta de Imray", "No fim do corredor", "A legião perdida" e "A tumba dos ancestrais", e, fora, "Eles", um conto que lembra o romance "A outra volta do parafuso" (1898), de Henry James (1843-1916). Não pense o leitor, contudo, que trata-se, como pode sugerir o título do livro, de histórias nas quais o mais importante é provocar sensações superficiais - nada disso. O Autor consegue, com maestria, impor, em todos os contos, "desespero sobre desespero, angústia sobre angústia, medo sobre medo, cada um com seu estrago próprio" (p. 413), de certa forma advertindo que nem tudo se encaixa dentro da nossa previsível compreensão.


(Setembro, 2018)




Avaliação: MUITO BOM

Curiosidade 


No conto "Eles", o Autor confunde o nome da capital dos Estados Unidos... Ele narra, à pág. 386: "Passado aquele preciso lugarejo que deu nome à capital dos Estados Unidos, encontrei aldeias escondidas onde as únicas coisas vivas etc" - ele estava se referindo a York...

Entre aspas: 

"Homens e mulheres podem às vezes depois de grande esforço passar uma mentira convincente, mas a casa, que é o templo de homens e mulheres, só pode dizer a verdade sobre os que nela moram". (pág. 400)



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