sábado, 31 de dezembro de 2016


A fogueira e outros contos (1899-1911)
Jack London (1876-1916) - Estados Unidos        
Tradução: Ana Barradas     
Lisboa: Antígona, 2004, 218 páginas





Esta coletânea inclui nove das dezenas de contos publicados pelo autor, dois deles verdadeiras obras-primas da narrativa breve: “Um bife” e “A fogueira”. O Autor, um homem que buscou aventuras por todas as partes do mundo, quase sempre coloca seus personagens atuando em cenários exóticos – mas para refletir a respeito do ser humano, não sobre as coisas que o cercam. “Na esteira de Makaloa” é uma história de amor e desamor passada no Havaí; “As terríveis Salomão”, crítica feroz ao colonialismo e ao racismo, que lhe é inerente, usa as Ilhas Salomão, no Oceano Pacífico, como espaço romanesco; “As pérolas de Parlay”, para além da magnífica descrição de uma borrasca em um atol na Micronésia, expõe a ganância e a crueldade do homem branco; “Um bife” é a eterna luta entre a Juventude e a Velhice, metáfora do fluxo da vida, portanto, encenada em um ringue de boxe na Austrália; “Semper Idem” e “O benefício da dúvida”, este sobre a corrupção que adoece a sociedade, aquele sobre a insanidade que perpassa a normalidade, ambos ocorridos no interior dos Estados Unidos; “Burlado” narra o estratagema de um ex-revolucionário polonês para conseguir morrer no gelado espaço da América russa (o Alasca); também ali decorrem os contos “”O engenho de Porportuk” e “A fogueira” – um libelo a favor da honra e das mulheres, o primeiro, a impressionante descrição de uma morte por congelamento, o segundo. Um Autor indispensável.





Avaliação: MUITO BOM  

(Dezembro, 2016)


Entre aspas


“(...) o branco que queira ser inevitável não só deve desprezar as raças inferiores e considerar-se superior a elas, como também deve ter falta de imaginação. Não convém que tenha grande consciência sobre os instintos, costumes e processos mentais dos negros, dos amarelos e dos acobreados; porque não foi dessa maneira que a raça branca ascendeu à sua posição dominante em todo o mundo.” (p. 40)

“Um homem só não pode lutar contra uma máquina a menos que tenha outra máquina por trás.” (p. 136)

“(...) temia a tortura. Era uma ofensa para a alma.” (p. 153)

“(...) era (...) um homem sem imaginação. Era rápido e alerta nas coisas da vida, mas só nas coisas, e não nos significados” (p. 200)




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