sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Águas de primavera (1872
Ivan Turgueniêv (1818-1883) - Rússia         
Tradução: Sonia Branco      
Barueri: Amarilys, 2015, 233 páginas





Magnífico romance! Dmitri Pávlovitch Sánin é um jovem aristocrata rural russo de 22 anos, entediado, que, voltando de uma viagem pela Itália, para em Frankfurt para descansar. Cinco horas antes de tomar a diligência para Petersburgo, passando por "uma das ruas mais insignificantes" da cidade (p. 20), acaba salvando por acaso um adolescente de 14 anos, quando conhece sua irmã, Gemma, uma "impetuosa" moça cinco anos mais velha. Embora nascidos na Alemanha, ambos têm origem italiana, filhos que são do fundador da Confeitaria Italiana Giovanni Roselli, tocada pela viúva, Leonora, e por um empregado. Sánin apaixona-se perdidamente por Gemma, mas ela está prometida a Karl Klüber, um promissor comerciante. Sánin adia a viagem de volta à Rússia e começa a frequentar a casa dos Roselli. Um dia, Gemma é ofendida por um jovem oficial alemão e, vendo que o noivo não reage, Sánin toma suas dores e desafia o provocador para um duelo, sem maiores consequências. Mas, a partir daí, Gemma e Sánin se aproximam e ela desiste da relação com Klüber - seria uma banalissima história, caso terminasse por aqui. Porém... Sánin resolve vender suas terras para se casar com Gemma. Antes de viajar para a Rússia, no entanto, esbarra com um antigo colega de infância, Ippolit Sídoritch Pólozov, casado com uma "beldade", Maria Nikoláievna, riquíssima, que "se curava de uma doença qualquer em Wiesbaden", um lugarejo vizinho (p. 155). Pólozov convence Sánin de que a mulher pode comprar suas "almas", evitando o longo e desgastante deslocamento. Entusiasmado, Sánin acompanha-o a Wiesbaden, onde é apresentado a Maria, uma jovem de 22 anos, fútil, sedutora e caprichosa. Em pouco tempo, ele apaixona-se violentamente por ela, esquecendo-se de Gemma, com quem rompe por carta. Sánin, como um escravo, acompanha o casal a Paris e de lá, após ser abandonado pela amante, retorna à Rússia, onde, desiludido e envergonhado, arrasta uma "vida solitária, sem família nem alegrias", cultivando "lembranças do passado" (p. 229). Apesar de os dois últimos capítulos serem de todo desnecessários - formam uma espécie de "que fim levou"... - trata-se de um romance magnífico!




Avaliação: MUITO BOM  

(Novembro, 2016)


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