O Cardeal Napellus (1916)
Gustav Meyrink (1868-1932) - ÁUSTRIA
Tradução: Maria
Jorge Vilar de Figueiredo
Lisboa: Presença,
2007, 75 páginas
O
volume encerra três contos - “O Cardeal Napellus”, “J.H. visita a região dos
Suga-Tempo” e “Os quatro irmãos da Lua – Um documento” – cujo tema comum é a
busca pela imortalidade. A narrativa que dá título ao livro trata da estranha seita
dos Frades Azuis, uma confraria que busca a permanência da alma por meio da
transfiguração em uma árvore venenosa (o napelo azul) regada com o sangue que
escorre das chagas abertas pela automutilação pelo cilício. A segunda narrativa
dá vazão ao dístico: “O homem só pode escapar à morte se renunciar à espera e à
esperança” (p. 34). Alcançar a imortalidade é perceber a diferença sutil entre
“eu vivo e eu existo” (p. 39), é renunciar ao desejo, por saber que a vida
“(...) é apenas a sala de espera da morte” (p. 45). Finalmente, o melhor conto
do livro, “Os quatro irmãos da Lua – Um documento”, ao mesmo tempo um libelo
contra a guerra (a I Guerra Mundial, também chamada Grande Guerra) e uma
discussão sobre identidade. Segundo o narrador, um enjeitado adotado em um
convento que passou a usar o nome Gustav Meyrink, o homem evoluiu, atingindo o
cúmulo da perfeição ao considerar “(...) real e autêntico apenas aquilo que
podem... vender” (p. 55). O narrador antecipa o nazismo, descrevendo, em linguagem apocalíptica, homens transformados em máquinas de matar.
(Janeiro, 2017)
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