3 contos fantásticos (1812)
Ludwig Tieck (1773-1853) - ALEMANHA
Tradução: Helga
Hoock Quadrado e outros
Lisboa: Antígona,
2007, 112 páginas
Reunião
de três contos, a rigor apenas a um deles, “Magia do amor”, poderíamos apor o
adjetivo "fantástico". Nesta narrativa breve, Emil é
um sujeito melancólico que se sente culpado por viver de maneira confortável,
enquanto a maioria das pessoas à sua volta padece de sofrimentos causados pela
miséria. Um dia, da janela da casa onde está instalado, observa uma estranha
cena de assassinato da criança que estava sendo criada pela mulher que platonicamente
amava. Algum tempo depois, no dia de seu casamento, ele, tresloucado, apunhala
a noiva, para espanto dos convidados – a noiva, então revela-se, era a mulher
que ele havia visto da janela e que fizera um pacto satânico com uma bruxa para
se casar com ele. “Eckbert, o louro” e “As sílfides” enquadram-se mais na
categoria de contos de fada, ainda mais este que aquele. Eckbert e
sua mulher, Bertha, vivem solitários em um castelo. Um dia, ele pede a
Bertha que conte uma curiosa passagem de sua infância para um amigo, Walther. Ela então descreve a fuga da casa dos pais, o encontro com uma mulher velha que
vivia no meio da floresta com um cão e um pássaro frondoso, cujos ovos
continham pedras preciosas. E depois a tentação de ir embora, uma nova fuga
carregando o pássaro, a perturbação causada pela traição e finalmente o
encontro com Eckbert. Revelado o segredo, a paranoia toma conta de Eckbert.
Bertha morre, ele assassina Walther, depois conhece outro amigo, Hugo, e comente
outro crime, até em desespero alcançar a casa no meio da floresta onde a velha bruxa
afinal completa sua vingança, revelando que Eckbert e Bertha eram irmãos. “As
sílfides” é a história de Marie que um
dia penetra em um espaço interdito, perto de sua aldeia, onde conhece os seres
encantados da floresta. Quando volta, com a promessa de nada revelar sobre sua
estada entre as sílfides, já se passaram oito anos. Ela retoma a vida, se casa
e tem uma filha, Elfriede, que, descobre, também se comunica com aqueles seres de luz.
Um dia, Marie conta para o marido onde estivera naquele período de ausência, provocando
uma catástrofe na natureza do lugar. À exceção de "As sílfides", que como conto de fadas infantil funciona bem, as outras duas narrativas têm enredos confusos e desfechos completamente fortuitos.
(Janeiro,
2017)
Entre aspas
“É
grande infortúnio do homem só alcançar a razão para perder a inocência do
espírito” (p. 20)
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