quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Pontos de vista de um palhaço (1963
Heinrich Böll (1917-1985) - Alemanha
Tradução: Paulo Soethe      
São Paulo: Estação Liberdade, 2008, 308 páginas 


O narrador, Hans Schnier, descende de uma rica família que há duas gerações é dona de empresas de carvão mineral. Desde cedo, inconformado com a hipocrisia que o cerca, torna-se um crítico ácido e impaciente de colegas, conhecidos e familiares. Após abandonar os estudos secundários, foge com Marie Derkum, filha do dono de uma papelaria, e decide dedicar-se profissionalmente à carreira de palhaço, apresentando espetáculos-solo em turnês pela Alemanha. Mas, depois de alguns anos, os conflitos com Marie e principalmente com os amigos vão se acirrando. Católica praticante, ela vive a cisão entre os valores nos quais acredita e sua situação de concubinato, agravada por um aborto. Além disso, o casal mantém-se em constante instabilidade financeira. Marie acaba largando Hans para se casar com um colega de ambos, Heribert Züpfner. Trancado num apartamento pequeno e sujo em Bonn, então capital da Alemanha Federal, sem dinheiro, sem amigos, sem perspectiva, o protagonista repassa sua vida, dissecando a sociedade alemã - e não hesita em desmascarar a todos, incluindo sua mãe, uma nazista orgulhosa, a quem culpa pela morte da irmã na frente de batalha, e que agora milita numa associação para conciliação das desarmonias raciais. 


Avaliação: MUITO BOM

(Fevereiro, 2016)



Entre aspas

"(...) na vida de uma criança as coisas banais são grandiosas, tudo é estranho, desordenado, sempre trágico". (p. 123)

"O pior nos críticos não é que exerçam sua crítica, mas justamente serem tão pouco críticos consigo mesmos. E aborrecidos, além disso." (p. 188-9)

"Um artista traz a morte sempre a tiracolo (...)" (p. 289)





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