A última névoa (1935)
Maria Luisa Bombal (1910-1980) - Chile
Tradução: Neide T. Maia González
São Paulo: Difel, 1984, 108 páginas
O livro é composto por
cinco narrativas, três bons contos e dois textos híbridos menos
interessantes ("Tranças" e "O secreto").
Os três contos, "A última névoa",
"A árvore" e "As ilhas novas",
comunicam-se, quase se complementam, sendo que o fantástico cotidiano
que nos dois primeiros é clima, no último é essência. A
protagonista de "A última névoa" é uma mulher de
rígida formação católica, casada
com um primo recém-viúvo, Daniel, com
quem vive numa estância nos pampas. Em uma noite de insônia, caminhando
pelas ruas de uma cidade, ela se depara com um homem a quem se entrega. Esse
amante por acaso reaparece em diversos momentos de sua vida, embora tudo possa
ser apenas sonhos de uma mulher infeliz. A mesma insatisfação persegue Brígida, em
"A árvore", que aos 18 anos casa-se com
um homem bem mais velho e se surpreende com a mediocridade de sua vida quando a
seringueira que existia sob a janela é cortada,
deixando entrar luz em seu quarto. Assim também Yolanda,
personagem de "As ilhas novas", que renega todos os pretendentes,
isolada numa fazenda nos pampas, onde da noite para o dia surgem e desaparecem
ilhas em lagos de água salgada. A autora expõe, por meio de
uma linguagem extremamente poética, a condição de opressão e repressão sexual da
mulher.
Avaliação: BOM
(Dezembro, 2015)
Entre aspas
"Esta morta, sobre a qual não me ocorreria inclinar-me para chamá-la porque nunca houvesse vivido, sugere-me de repente a palavra silêncio". (p. 6)
"(...) o quarto parecia agora imerso numa taça de ouro triste." (p. 60)
"Talvez a verdadeira felicidade esteja na convicção de que se perdeu irremediavelmente a felicidade. Então começamos a movimentar-nos pela vida sem esperanças nem medos, capazes de fruir por fim todos os pequenos prazeres, que são os mais perduráveis". (p. 60)
"(...) a casa treme, o espelho oscila levemente e uma camélia murcha se desprende pela corola e cai sobre o tapete com o ruído brando com que que cairia uma fruta madura". (p. 90)
"(...) o quarto parecia agora imerso numa taça de ouro triste." (p. 60)
"Talvez a verdadeira felicidade esteja na convicção de que se perdeu irremediavelmente a felicidade. Então começamos a movimentar-nos pela vida sem esperanças nem medos, capazes de fruir por fim todos os pequenos prazeres, que são os mais perduráveis". (p. 60)
"(...) a casa treme, o espelho oscila levemente e uma camélia murcha se desprende pela corola e cai sobre o tapete com o ruído brando com que que cairia uma fruta madura". (p. 90)
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