quarta-feira, 3 de julho de 2019

O poste de vapor (1926)
Ferenc Molnár (1878-1952) - HUNGRIA
Tradução de Paulo Schiller  
São Paulo: CosacNaify, 2005, 83 páginas





Conto longo que narra as tragicômicas aventuras do militar, que se auto-intitulava capitão dos hussardos (cavalaria) do Império Austro-Húngaro, uma patente e uma honraria altamente dignificante, mas, no caso do personagem em questão, completamente fictícia. O narrador relembra o inverno rigoroso em que conheceu o capitão, num hotel quase vazio na ilha Margarida, situada entre as duas margens do rio Danúbio, que separa as partes (Buda e Peste) que formam a capital húngara. O capitão é um personagem pantagruélico, cínico e mentiroso, mas extremamente carismático, que encanta a todos com quem se relaciona. Suas façanhas podem ser engraçadíssimas, como quando teve que sugar o veneno de uma cobra na parte interna da coxa de um colega de farda; ou dramáticas, como quando conseguiu o seu famoso casaco de capitão dos hussardos. Podem ser ainda ingênuas, como sua fé de que irá conquistar o amor de uma atriz de teatro que sonha mudar-se para Paris; ou megalomaníacas, como quando oferece aos amigos um jantar digno do rei de Espanha; ou até mesmo canalhas, como descobrimos, afinal, de onde provém o dinheiro que gasta sem medida. Todas essas manifestações de sua personalidade, no entanto, revestem-se de uma aura de romantismo, digna de um momento de crise, como eram aqueles anos pré-Primeira Guerra Mundial. O suicídio do capitão coloca um ponto final não em sua vida dissoluta, embora simplória, mas a uma época. Daí para a frente, não há mais lugar para o romantismo.



Avaliação: BOM



(Julho, 2019)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.