domingo, 4 de novembro de 2018

A saga de Gösta Berling (1891)
Selma Lagerlöf (1858-1940- SUÉCIA                    
Tradução: Inga e Miguel Gullander     
Lisboa: Cavalo de Ferro, 2017, 405 páginas





Romance anacrônico, que usa de procedimentos pré-românticos para contar, não a saga do protagonista Gösta Berling, "jovem, alto, magro e extraordinariamente belo" (p. 9), mas sim para evocar personagens e paisagens de uma região específica da Suécia, a chamada Värmland, e de uma época específica, "por volta de 1820" (p. 9). E a autora assim procede intercalando algumas aventuras de Gösta Berling, que beiram ao inverossímil, por conta de seu irresistível poder de sedução das mulheres, com episódios que lançam luzes sobre os personagens secundários que orbitam em torno dele. Berling, sacerdote* rejeitado pela Igreja, cujo mal foi ter recebido "amor em demasia": -"Mulheres e homens têm-te amado. Bastava brincares e rires, cantares ou fazeres música, e toda gente te perdoava tudo" (p. 387) -, é uma espécie de super-herói, que aos trinta anos, "cavalheiro dos cavalheiros", é "só por si, (...) melhor orador, cantor, músico, caçador, beberrão e jogador que todos os outros juntos" (p. 35). O livro é uma declaração de amor à terra natal da autora, um lugar onde a natureza, "dominada por forças invisíveis, que odeiam o homem" (p. 103), pede para ser dominada.


* É curioso que os tradutores nomeiem como padres os pastores da igreja protestante...


(Novembro, 2018)


Avaliação: BOM

Entre aspas: 


"(...) a vida é difícil para os potros que não suportam nem as esporas nem o chicote" (pág. 16)

"Acontece, frequentemente, os homens tornarem-se cruéis, atormentando o próximo, porque temem pelas suas próprias almas" (pág. 88)

"Quem compreende, não odeia" (pág. 118)

"O coração inquieto perde sempre. Torna, sempre, ainda pior o mal" (pág. 178)


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