segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A volta ao mundo em 80 dias (1872)
Jules Verne (1828-1905) - FRANÇA 
Tradução: André Telles  
Rio de Janeiro: Zahar, 2017, 231 páginas




Trata-se de um curioso romance de aventura. Fico pensando como os leitores antepassados deveriam acompanhar ansiosos o desdobramento dessa intrépida viagem por lugares exóticos, capítulo a capítulo, que mantêm, aliás, mais ou menos, o mesmo tamanho, demonstrando o rigoroso esforço na sua composição. O Autor, de posse de informações sobre as novidades tecnológicas de sua época e das mais recentes notícias sobre países distantes, abriu seu exemplar do Bradshaw's Continental Railway Steam Transit and General Guide (um guia com horários de partidas de chegadas de trens e navios) e deixou sua imaginação trabalhar. A partir de uma aposta no valor de 20 mil libras, feita com colegas frequentadores do Reform Club, de Londres, o fleumático Mr. Phileas Fogg desafia o tempo e o espaço e junto com seu fidelíssimo secretário francês, Jean Passepartout, resolve dar a volta ao mundo em apenas 80 dias. Ao longo do percurso surgem inúmeros obstáculos, que deverão ser superados por meio da sorte e da engenhosidade. Linhas ferroviárias interrompidas, resgate de uma indiana (Mrs. Alda) condenada a morrer queimada com o marido, pontes que desabam, ataques de índios, perdas de conexões - e um detetive, Mr. Fix, que, certo de que Mr. Phileas Fogg é um ladrão de bancos disfarçado de aventureiro, persegue-o desde Suez, no Egito, até Dublin, na Irlanda... Após usar todos os meios de transporte disponíveis - navio, trem, coche, escuna, cargueiro, trenó, elefante - o protagonista chega a Londres... cinco minutos atrasado... Mas um erro de cálculo o salvará... O livro termina da forma mais romântica: pedido em casamento por Mrs. Alda, Phileas Fogg aceita. O narrador conclui: "O que ganhara com aquele deslocamento? O que trouxera daquela viagem? / Nada, dirão vocês. Concordamos, nada, a não ser uma mulher encantadora, que (...) fez dele o homem mais feliz do mundo! / Francamente, não daríamos a volta ao mundo por menos que isso?" (p. 231). Uma ode à ingenuidade para combater esses tempos cínicos.



(Fevereiro, 2017)


Avaliação: BOM     


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