quinta-feira, 8 de setembro de 2016

O súdito (1919) 
Heinrich Mann (1871-1950) - Alemanha     
Tradução: Sibele Paulino 
São Paulo: Mundaréu, 2014, 447 páginas




Esse romance antecipa, de maneira impressionante, o "tipo" alemão que viria a ser a base onde se assentou a ideologia nazista na Alemanha. Diederich Hessling é um jovem filho da burguesia industrial, cuja maior aspiração é "(...) diluir-se na grande totalidade" (p. 59), ou seja, tornar-se um súdito perfeito do Imperador. Publicado em 1919, mas escrito em 1914, acompanha a formação do protagonista, desde seus tempos de estudante de Química, em Berlim, quando se torna membro de uma patética irmandade, a Nova Teutônia, até suas manobras como proprietário de uma pequena fábrica de papel e suas incursões pela política, como liderança exaltada dos nacionalistas locais, já adulto e cabeça da família. Embora o tom geral seja de sátira, o autor consegue ultrapassar a mera caricatura, pois os personagens, particularmente Diederich, carregam uma complexidade que os tornam até mais abomináveis, pois reconhecidamente humanos. O livro não oferece ao leitor uma trama propriamente dita, mas episódios que vão se alinhavando - muitos deles longos e reiterativos, que tornam às vezes a leitura entediante.

* É interessante o dissecamento que o autor faz da ópera Lohengrin, de Richard Wagner (1813-1883), que evidencia o pensamento protonazista do compositor alemão: "Isso é arte alemã! Pois, ali, no texto e na música, pareciam-lhe satisfeitos todos os requisitos nacionais. Ali, revolta era o mesmo que crime; o status quo, o legítimo, era festejado com brilhantismo; dava-se o mais alto valor à aristocracia e ao direito divino, e o povo, um coro eternamente surpreendido pelos acontecimentos, lutava bravamente contra os inimigos de seus senhores" (p. 334) 

Avaliação: BOM  

(Setembro, 2016)


Entre aspas


"Nada humano prevalecia diante do poder" (p. 215)


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