domingo, 7 de julho de 2019

A recompensa do soldado (1926)
William Faulkner (1897-1962) ESTADOS UNIDOS
Tradução de Maria João Freire de Andrade  
Alfragide: Casa das Letras, 2010, 317 páginas





Os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) quase em seu término - embora a presença de suas tropas na Europa tenha sido fundamental para a vitória dos aliados.  Curiosamente, a literatura produzida pelos escritores norte-americanos sobre o tema guarda uma característica singular: em geral, apelam para uma história de amor (mesmo que não correspondida) e então a guerra torna-se apenas pano de fundo. É assim, por exemplo, em Adeus às armas, de Ernest Hemingway (1899-1961), publicado em 1929, e é assim neste livro A recompensa do soldado. O Autor coloca em cena três personagens que se encontram por acaso numa estação de trem: o soldado Joe Gilligan, 32 anos, que, após dar baixa, percorre o país, bêbado e sem rumo; Margaret Powers, 24 anos, viúva, cujo marido morreu nos campos de batalha da Europa; e o jovem tenente da aviação, Donald Mahon, que, cego e inválido, portando uma enorme cicatriz no rosto, está voltando para casa, em Charlestown, cidadezinha do interior da Geórgia. Joe Gilligan e Margaret Powers resolvem acompanhar Mahon, de uma forma voluntarista e algo inverossímil. A narrativa exibe a disputa de três mulheres pelo moribundo Mahon: a fútil e insegura Cecily Saunders, com quem havia se comprometido antes de ir para a guerra; a estranha Emmy, pobre e solitária; e a própria Margaret. Rejeitado por Cecily e por Emmy, Margaret acabará se casando com Mahon, mesmo sabendo que ele morrerá em breve, recusando, assim, as investidas de Joe Gilligan e a oferta de Julian Lowe, outro soldado, que envia para ela cartas apaixonadas a partir de San Francisco. Enterrado Mahon, Margaret Powers parte novamente, sem sabermos para onde e com que propósito. O resumo do livro, Joe Gilligan, na despedida de Margaret, oferece: "(...) sei que você e eu tentamos ajudar a natureza a fazer um bom trabalho com um pobre coitado e não tivemos sorte nenhuma nisso" (p. 301).



Avaliação: BOM




(Julho, 2019)

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