quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Jorge, um brasileiro (1967)
Oswaldo França Junior (1936-1989BRASIL 
Rio de Janeiro: Bloch, 1967, 269 páginas



Este romance é uma espécie de negativo de Grande sertão: veredas (1956), de Guimarães Rosa (1908-1967). Jorge, o protagonista, narra em primeira pessoa, a um interlocutor passivo, como se desincumbiu da tarefa dada por seu chefe, Sr. Mário, de buscar oito carretas carregadas de milho paradas em Caratinga, por causa das chuvas que destruíram as estradas, e levá-las para Belo Horizonte em cinco dias, prazo de inauguração de uma refinaria. No caminho, Jorge e seus colegas enfrentam todo tipo de impedimentos, até que, afinal, conseguem chegar na capital mineira, porém com atraso de uma semana. Disse que este romance é uma espécie de negativo de Grande sertão: veredas porque em tudo ele o emula: se Riobaldo usa um linguajar barroco para explanar sua história, Jorge utiliza uma linguagem coloquial - embora ambos contem suas aventuras com idas e vindas e repetições; se Riobaldo lidera, em tom épico, um bando de jagunços baseando-se numa ética toda própria, Jorge lidera, também em tom épico, um bando de caminhoneiros com a mesma lógica; se, de alguma forma, o que está em jogo em Grande sertão: veredas é uma questão metafísica, da luta do Bem contra o Mal, em Jorge, um Brasileiro o confronto é físico e se dá entre o homem e a Natureza; se naquele o sertão mineiro está situado nos descampados do oeste, neste o sertão mineiro está situado nas montanhas do leste... Finalmente, se Grande sertão: veredas é uma obra-prima da literatura brasileira, Jorge, um brasileiro é apenas um bom romance.


Curiosidade: 

À pág. 131, o narrador chega a Cataguases... "Continuei até Leopoldina, de lá, saí da Rio-Bahia e fui a Cataguases, onde falavam de um serviço em um campo de aviação que era coisa grande, para dar trabalho a muita gente".


Avaliação: BOM



 (Janeiro, 2019)

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