quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O gabinete negro (1928
Max Jacob (1876-1944) - França             
Tradução: Luiz Dantas      
São Paulo: Carambaia, 2018, 245 páginas




Eis um livro que não se permite ser enquadrado em gênero algum. Trata-se de um conjunto de 31 cartas, sem qualquer relação umas com as outras, seguidas, não todas, de comentários. Apesar de não  constituírem nem mesmo uma sequência no tempo (a maioria, embora não datada, traz referências indiretas a um período situado logo após a primeira guerra mundial e aos anos iniciais da década de 1920) e nem estarem condicionadas a um espaço delimitado (dizem respeito à França, de maneira geral), apesar de tudo isso, ainda assim... constituem uma unidade! E aqui está a genialidade do Autor. As cartas funcionam como uma espécie de síntese "atualizada" da Comédia Humana de seu conterrâneo, Honoré de Balzac (1799-1850). São narrativas que fornecem retratos primorosos de todas as classes sociais da França, das mais variadas profissões, dos mais diversos tipos. O leitor se depara com as preocupações de uma dama da alta sociedade com as indecisões do filho, com a ascensão e queda de um burguês, com as razões de uma empregada doméstica para se demitir do trabalho, com os conselhos de um médico a um colega que acaba de ingressar na profissão, com uma princesa russa que se estabelece como manequim em Paris, etc etc etc... E, como no caso de Balzac, a máquina que move a todos é o dinheiro. Os comentários às cartas, o mais das vezes irônicos ou sarcásticos, ora esclarecem , ora estabelecem diálogos com o que vai escrito. 



 (Fevereiro, 2018)



Avaliação: MUITO BOM  




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