sábado, 21 de outubro de 2017

O Coronel Chabert (1832)
Honoré de Balzac (1799-1850) - FRANÇA  
Tradução: Eduardo Brandão    
São Paulo: Penguin / Companhia das Letras, 2013, 83 páginas




O senhor Hyacinthe, dito Chabert, conde do Império, marechal de campo e grande oficial da Legião de Honra, é dado como morto na Batalha de Eylau, que colocou em confronto franceses e russos, em 1807. Embora enterrado vivo, consegue sobreviver, com cicatrizes horríveis, que o tornam quase irreconhecível. Impedido de voltar de imediato, devido às sequelas das feridas, envia cartas à mulher, sem obter respostas. Finalmente, quando consegue regressar a Paris, sete anos depois, descobre que sua mulher, Rose (Rosine) Chapotel, casou-se outra vez e agora é a Condessa de Ferraud, mãe de dois filhos do novo marido. Chabert procura um advogado, Derville, para tentar resgatar a esposa e a fortuna. Então, o Autor nos conduz pelos meandros do Direito e pelos labirintos da paixão humana. Chabert vive na miséria, na esperança de resgatar seu passado - Rosine vive no presente, disposta a não ceder um milímetro sequer da sua posição na sociedade. Afinal, entre os conselhos do advogado e as armadilhas sedutoras da mulher,  sucumbe às últimas. Ao descobrir, entretanto, as trapaças de Rosine para o ludibriar, resolve abrir mão de tudo - fortuna, títulos, esposa - em nome da dignidade. Em 1840, Derville se depara com o Coronel Chabert vivendo num asilo para mendigos e loucos, confirmando uma predição do militar, feita logo no início do livro: "estive enterrado sob os mortos, mas agora estou enterrado sob os vivos" (p. 29). 


(Outubro, 2017)



Avaliação: BOM  


Curiosidade:

Neste livro nos deparamos, à página 68, com a "teinte de mélancolie" (tinta de melancolia) que mais tarde Machado de Assis (1839-1908) iria usar em suas "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881), quando, justificando "algumas rabugens da obra", afirma: "escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia". 




Entre aspas:

"Os sofrimentos morais, perto dos quais as dores físicas empalidecem, provocam no entanto menos piedade, porque ninguém os enxerga". (pág. 33)


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