A voragem (1924)
José Eustasio Rivera (1888-1928) - COLÔMBIA
Tradução: Reinaldo Guarany
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982, 237 páginas
História de paixão e brutalidade, narra a descida ao inferno do poeta Arturo Covas - o protagonista transforma-se de aspirante a intelectual urbano em cruel evadido, contaminado pela paisagem, primeiro dos planaltos inóspitos e mais tarde da selva indomável. Arturo rapta Alícia em Bogotá e, sem condições de enfrentar a família dela, partem ambos para o interior da Colômbia, buscando ganhar tempo até que os ânimos se apaziguem. Mas à medida em que deixam as franjas da "civilização" as coisas fogem ao controle. Arturo se desinteressa por Alícia e essa escapa com bandidos para a floresta, em plena febre da extração da borracha. Então, corroído pelos sentimentos de traição e despeito, Arturo vai atrás da amada, embrenhando-se mais e mais no "coração da treva" metafórica e concreta. O Autor demonstra força descritiva, mas o livro às vezes se perde em exotismos, em linguagem parnasiana, em interpolações explicativas de usos e costumes. Há mesmo, no meu entendimento, um erro de composição - um romance naturalista, tradicionalíssimo em seu formato, intercala, entre meados da segunda parte e início da terceira, uma longa história paralela, da tragédia de Clemente Silva, que distrai e enfraquece o enredo principal. O ponto alto do livro é a pintura de uma natureza que nada tem de idealizada, é o relato da escravidão imposta aos homens brancos por outros homens brancos e o total desprezo que todos demonstram pelos indígenas e pelas mulheres, vistos como subumanos ou não-humanos. É interessante observar que o Brasil e os brasileiros aparecem em diversas passagens do romance, principalmente na terceira e última parte.
(Setembro, 2017)
Avaliação: BOM
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982, 237 páginas
História de paixão e brutalidade, narra a descida ao inferno do poeta Arturo Covas - o protagonista transforma-se de aspirante a intelectual urbano em cruel evadido, contaminado pela paisagem, primeiro dos planaltos inóspitos e mais tarde da selva indomável. Arturo rapta Alícia em Bogotá e, sem condições de enfrentar a família dela, partem ambos para o interior da Colômbia, buscando ganhar tempo até que os ânimos se apaziguem. Mas à medida em que deixam as franjas da "civilização" as coisas fogem ao controle. Arturo se desinteressa por Alícia e essa escapa com bandidos para a floresta, em plena febre da extração da borracha. Então, corroído pelos sentimentos de traição e despeito, Arturo vai atrás da amada, embrenhando-se mais e mais no "coração da treva" metafórica e concreta. O Autor demonstra força descritiva, mas o livro às vezes se perde em exotismos, em linguagem parnasiana, em interpolações explicativas de usos e costumes. Há mesmo, no meu entendimento, um erro de composição - um romance naturalista, tradicionalíssimo em seu formato, intercala, entre meados da segunda parte e início da terceira, uma longa história paralela, da tragédia de Clemente Silva, que distrai e enfraquece o enredo principal. O ponto alto do livro é a pintura de uma natureza que nada tem de idealizada, é o relato da escravidão imposta aos homens brancos por outros homens brancos e o total desprezo que todos demonstram pelos indígenas e pelas mulheres, vistos como subumanos ou não-humanos. É interessante observar que o Brasil e os brasileiros aparecem em diversas passagens do romance, principalmente na terceira e última parte.
(Setembro, 2017)
Avaliação: BOM
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