terça-feira, 4 de julho de 2017

Trinta anos (1961)
Ingeborg Bachmann (1926-1973) - ÁUSTRIA   
Lisboa: Relógio D'Água, s/d, 199 páginas
Tradução:  Leonor Sá    





Coletânea que reúne sete contos, entre eles uma verdadeira obra-prima, "Juventude numa cidade austríaca", na qual, em apenas 10 páginas, a Autora traça um painel completo e complexo da vida em uma pequena cidade antes, durante e logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Outra narrativa magistral é "Entre assassinos e loucos", na qual a Autora mexe nas feridas abertas pelas atrocidades nazistas praticadas pela população austríaca. "A verdade" é um interessantíssimo tratado filosófico, a partir da obsessão de um juiz que busca a verdade, mas "quanto mais a persigo, mais longínqua ela se torna" (pág. 185). "Tudo", sobre o momento em que um homem se apercebe do fim do amor por sua mulher; "A um passo de Gomorra", que registra o nascimento de uma relação homossexual feminina; e o conto que dá título ao livro, que apanha um homem entrando na casa dos trinta anos, e que, "apesar de não poder descobrir em si nenhuma mudança, torna-se inseguro" (pág. 21), completam o volume. "O adeus de Ondina", que fecha a coletânea, é um libelo feminista, escrito numa redação ginasiana. O ponto alto do livro é o registro de uma prosa de ficção encharcada por uma linguagem altamente poética. 



(Julho, 2017)




Avaliação: BOM




Observações:

O Brasil está presente, de forma indireta, quando à página 112 um personagem, sem nome, relatando sua participação na Segunda Guerra Mundial, afirma: "Fomos para a Itália, para Montecassino. Era o maior matadouro que possam imaginar. A carne ali era de tal maneira para abate que se poderia pensar que seria divertimento para um assassino".

Entre aspas:

"Impossível um novo mundo sem uma nova linguagem" (pág. 57)

"Qualquer pessoa que ir para casa quando se sente a morrer (...)" (pág. 80)


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