quinta-feira, 13 de julho de 2017

Khan al-Khalili (1946)
Naguib Mahfouz (1911-2006) - EGITO 
Porto: Civilização, 2011,  335 páginas
Tradução:  Badr Hassanien     






Khan al-Khalili é o nome de um bairro da parte antiga do Cairo, para onde se mudam os Akif - pai, mãe e filho -, em fuga do bairro de al-Sakakani, sob ameaça de bombardeio. Estamos em meados de 1941 e o conflito entre aliados e nazistas chega à África. Ahmad, pequeno funcionário público, arrimo da família, tenta se adaptar aos novos tempos e ao novo ambiente. O pai, aposentado e muito religioso, e a mãe, jovem e sociável, conformam-se rapidamente, enquanto Ahmad, intelectual frustrado, aproxima-se dos frequentadores do café al-Zahra: o calígrafo Nunu, o inspetor de ensino Suleiman Ata, os também funcionários públicos Kamal Khalil e Sayyeed Arif, o advogado Ahmad Rashid e Abbas Shiffa, "um dos homens importantes" da zona (p. 62). No café, passam o tempo jogando dominó, fumando narguilé e discutindo sobre os rumos da guerra. Ahmad Akif, solteiro aos 40 anos, conhece a jovem Nawal, de 16 anos, sua vizinha, filha de Kamal Khalil, e por ela se apaixona. Mas, tímido e inseguro, sente dificuldades em se declarar. Então, seu irmão caçula, Rushdi, bancário que trabalhava no interior, consegue uma remoção para a capital, e junta-se à família. Pouco a pouco, ele, sem saber da paixão secreta do irmão, conquista Nawal, causando grande decepção e frustração em Ahmad. Rushdi é noctívago e, embora se comprometa em casar-se com Nawal, continua frequentando prostitutas e perdendo dinheiro no jogo. Até que, por conta de sua vida desregrada, fica tuberculoso e morre. E os Akif - pai, mãe e filho - preparam-se para nova mudança, desta vez para o bairro de al-Zaitoum. Romance bastante previsível - o leitor antecipa em dezenas de páginas a troca que Nawal faz de Ahmad por Rushdi -, com diálogos artificiais e com uma irritante forma narrativa que produz parágrafos e parágrafos compostos apenas por perguntas (V. por exemplo o capítulo 24), é conduzido ainda por uma confusa passagem de tempo - a cronologia dos fatos não se ajusta muito à descrição que é feita deles. Por fim, o Autor parece escrever pensando em um leitor estrangeiro - a todo instante interpola explicações sobre costumes, gastronomia, vestuário...


(Julho, 2017)





Avaliação: NÃO GOSTO




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