terça-feira, 25 de outubro de 2016

Os ventos e outros contos (1941-63) 
Eudora Welty (1909-2001) - Estados Unidos        
Tradução: Diana Almeida  
Lisboa: Antígona, 2008, 234 páginas





Esta coletânea reúne oito contos representativos da não muito longa produção da Autora. Nos dois primeiros, "Lilly Daw e as três senhoras" e "Homem petrificado", de 1941, há ainda um certo olhar irônico - de superioridade - sobre a vida provinciana do sul dos Estados Unidos, que cede lugar a uma visão mais alargada, de empatia com as personagens, conduzindo a duas verdadeiras obras-primas, "A rede larga" e "Os ventos", ambos publicados em 1943. Estas duas narrativas, patética uma - a tentativa infrutífera de um grupo de homens para encontrar o corpo da mulher de um deles, que teria se jogado nas águas do rio -, pura poesia a outra - o processo metafórico de transformação de uma menina em adolescente, simbolizado em uma tempestade -, nos colocam frente a uma excepcional escritora, com uma força imagética que beira às vezes ao mais delirante realismo. De 1955 são as três histórias seguintes: as ótimas "Sem lugar para ti, meu amor", estranhíssima viagem de um casal de desconhecidos rumo ao nada, e "A noiva de Innisfallen", a única a se passar em um ambiente fora dos Estados Unidos, profusão de vozes que se deslocam de trem e de barco em uma noite escura, e uma paráfrase de um trecho da Odisseia, de Homero, "Circe". O livro se encerra com um terrível libelo contra o racismo e contra todas as formas de intolerância, "De onde vem a voz?", de 1963.



Avaliação: MUITO BOM  

(Outubro, 2016)


Entre aspas


"De todos os estados de espírito humanos, talvez a inacessibilidade deliberada seja o mais rapidamente comunicável (...)" (p. 131)





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