quarta-feira, 21 de março de 2018

Kyra Kyralina (1924)
Panaït Istrati (1884-1935) - ROMÊNIA       
Tradução: Erika Nogueira      
 São Paulo: Carambaia, 2018, 181 páginas




Escrito em francês, esse romance certamente poderia pertencer ao ciclo de histórias de As mil e uma noites (compiladas no século IX). Embora não lance mão de gênios e tapetes voadores, o Autor constrói uma narrativa mágica, onde o tempo é fluido e o espaço alargado, repleto de ouro, joias, beis (que substituem os vizires), raptos, reviravoltas sem fim. O leitor tem que suspender a descrença para aceitar as aventuras em que se mete Stavro (ex-Dragomir), um quase apátrida, filho de um fabricante de carroças e de uma mãe financiadora dos irmãos contrabandistas. Sentindo-se romeno, apesar da vida atribulada e sem pouso, Stavro conta sua história para Adrien, filho de sua prima em segundo grau, em três etapas. A primeira, "Stavro", quando se reencontram em Braila, um porto romeno no rio Danúbio; a segunda, "Kyra Kyralina", quando juntos empreendem uma viagem a X.; e a terceira, "Dragomir", quatro anos depois, num café-restaurante no Cairo (Egito). O livro, que na verdade deveria se intitular Stavros, já que é ele o protagonista, refaz a acidentada (e inacreditável) biografia do vendedor de uma bebida quente feita com uma farinha chamada salep. Criado num espaço quase mágico, onde vive com a mãe e a irmã, Kyra, numa vida de luxo e luxúria, um dia eles fogem da violência do pai e do irmão mais velho. Enganados, Stavro e a irmã tornam-se escravos sexuais. Stavro consegue fugir mais uma vez e atravessa as terras pertencentes ao Império Otomano. Até que, um dia, cansado, é adotado por um grego, Barba Yani, que o ensina a sobreviver como feirante.



(Março, 2018)






Avaliação: BOM  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.