segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Sob o sol de Satã (1926)  
Georges Bernanos (1888-1948) - França 
Tradução: Hildegard Feist
Rio de Janeiro: Globo, 1987, 279 páginas




Romance de tese, o autor defende a ideia da presença avassaladora do Mal no mundo e, mais que isso, da extrema inteligência de Satã, que age justamente onde ninguém supõe. O padre Donissan, homem pouco letrado, rude, vive sob proteção do deão de Campagne, pequena aldeia perdida no interior da França. As mortificações a que se submete, a vida simples baseada na oração, no jejum, no despojamento, acabam cobrindo-o com o manto da santidade, sob o qual ele se abriga vencido pela soberba, um pecado capital. Após um estranho encontro numa noite de trevas com alguém que poderia ser o próprio Diabo travestido em homem, o padre Donissan esforça-se com impaciência por salvar da queda uma jovem, Mouchette, que guarda um terrível segredo, e chega até mesmo a tentar ressuscitar uma criança - em ambas as tarefas fracassa de forma retumbante. Duas personagens secundárias do romance - Mouchette, uma garota de 16 anos, cruel e voluntariosa, que protagoniza as 70 páginas iniciais do livro, e Antoine Saint-Marin, escritor septuagenário, cínico e descrente, que ocupa os cinco capítulos finais (32 páginas) - quase chegam a rivalizar em importância com o padre Donissan. O ponto negativo do livro é o caráter retórico que algumas vezes deixa-o extremamente maçante.




Avaliação: BOM


(Setembro, 2015)


Entre aspas
"Para muitos tolos vaidosos aos quaIs a vida decepciona, a família é uma instituição necessária, pois coloca-lhes à disposição e como que ao alcance da mão um pequeno número de seres frágeis, que a criatura mais covarde é capaz de amedrontar. Pois a impotência gosta de refletir sua nulidade no sofrimento alheio". (p. 22-23)




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