quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Absolutamente nada (1907-1929) 
Robert Walser (1878-1956) - Suíça 
Tradução: Sergio Tellaroli 
São Paulo: Editora 34, 2014, 167 páginas  


Tenho franca ojeriza por autores que usam o cinismo como forma de expressão. A ironia implica a capacidade de entender o outro, porque o outro é o espelho de nós mesmos, enquanto o cínico se sente superior ao resto da Humanidade, olha o mundo de cima para baixo, sente-se injustiçado e incompreendido. "Absolutamente nada e outras histórias" é isso: o livro de um cínico. O narrador de Robert Walser debocha dos personagens, trata-os com desprezo e impaciência, impossibilitando qualquer forma de empatia. Aliás, o título do volume nos conduz a uma falsa noção de que se trata de um volume de contos. Na verdade, os textos apresentados são de difícil caracterização: algumas narrativas de ficção se mesclam a pequenos ensaios, cartas, poemas em prosa, crônicas, esquetes. Apesar da minha repulsa, admito que há um ou outro texto instigante, como por exemplo "Kleist em Thun", pelo qual quase chego a ter estima. Quanto a "Sou exigente?", para além do hilário diálogo ("- No momento atual estou crivado de flechas. / - De que tipo de flechas? / - As de Cupido" (p. 114-15), há ali uma ideia bastante aproveitável para um conto ou romance.


Avaliação: NÃO GOSTO

(Setembro, 2015)

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