Crônicas italianas (1837-1839)
Stendhal (1783-1842) - FRANÇA
Tradutor: Sebastião Uchoa Leite
São Paulo: Max Limonad, 1981, 224 páginas
Reunião de oito narrativas curtas - incluindo a obra-prima "Vanina Vanini" -, que têm como cenário diferentes regiões da Itália - de Milão à Sicília -, quatro delas transcorridas no século XVI, três no século XVIII e uma, justamente a melhor, já referida, no começo do século XIX. O que elas têm em comum é que são relatos de amor e violência, ambos extremados, e o uso de um expediente, que considero do ponto de vista narrativo maravilhoso, que é recorrer a documentos manuscritos da época, que teriam sido meramente copiados e traduzidos ou eventualmente condensados. Trata-se de uma variante do manuscrit retrouvé - um livro que o autor recebe de um desconhecido ou encontra por acaso -, algo bastante corriqueiro no período do Romantismo, embora a literatura aqui apresentada esteja um passo adiante. O Autor, de maneira genial, torna as investigações da origem dos manuscritos "utilizados" parte da história contada, conseguindo assim um efeito ao mesmo tempo de verossimilhança e de distanciamento. Uma verdadeira aula de "pós-modernidade". As tramas centram-se sempre na relação impossível entre dois amantes - a mulher encarcerada num convento ou presa a ditames sociais, que impedem que ela se relacione com um homem de mais baixa categoria. Já não estamos mais na época em que o amor a tudo supera, mas no momento em que não restam muitas saídas: o suicídio ou a conformação. Ou o cinismo, como no caso de Vanina Vanini.
Avaliação: MUITO BOM
(Março, 2021)
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