quinta-feira, 4 de março de 2021

 Contos húngaros

Vários autores -  HUNGRIA   

Tradutor: Paulo Rónai   

Rio de Janeiro: B.U.P., 1964, 117 páginas



Reunião de 16 contos de nove autores húngaros da primeira metade do século XX. Curiosamente, a maioria das histórias são anedóticas, ou seja, relatam fatos divertidos, sem grandes preocupações em aprofundá-los. É o caso das narrativas Gárdonyi Géza (1863-1922), Krudy Gyula (1878-1933), Molnar Férenc (1879-1952), Kosztolányi Deszö (1885-1938), Karinthy Frigyes (1888-1938) e Hunyadi Sandór (1893-1942). Móra Ferenc (1879-1934) traz uma fábula sobre a origem do trigo, enquanto Szepe Ernö (1884-1955) e principalmente Gelléri Andor Endre (1908-1944) exploram as tensões provocadas pela situação de quase miséria dos personagens numa Budapeste no Entreguerras. O conto de Móra, "O trigo abençoado por Deus", soa estranhamente machadiano... A "moral" final me lembrou muito a alegoria da agulha e a linha, em "Um apólogo", do escritor brasileiro... Já "O homem da China", de Deszö, tem um leitmotiv muito parecido com "O homem que falava javanês", de Lima Barreto (1881-1922)... Aproximações absolutamente fortuitas, pois, claro, ambos não conheciam a literatura brasileira... Destaco ainda a excelente parábola "Psicologia do Movimento Revolucionário", de Frigyes, que retrata o mesmo personagem lutando contra o poder e exercendo o poder - uma crítica ácida e desencantada do ser humano. E, finalmente, "Moeda falsa", de Gelléri, relato de um ingênuo falsário preocupado em dar de comer aos filhos.



 Avaliação: BOM

(Março, 2021)

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