A retomada (2001)
Alain Robbe-Grillet (1922-2008) - FRANÇA
Alain Robbe-Grillet (1922-2008) - FRANÇA
Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht
Rio de Janeiro: Record, 2002, 189 páginas
Rio de Janeiro: Record, 2002, 189 páginas
Estamos em Berlim, 1949. A cidade, destruída, dividida entre russos, franceses, ingleses e norte-americanos, é um antro de personagens suspeitos. É nesse cenário apocalíptico que um espião chamado Henri Robin desembarca para se encontrar com seu contato, Pierre Garin, que lhe repassará as instruções para a próxima operação. Mas, aos poucos, descobrimos que nada que nos é relatado é confiável. O protagonista muda de nome quase a cada capítulo e todos com quem ele se relaciona são misteriosos - amigos ou inimigos? E ainda há um segundo narrador que desdiz o que o primeiro descreve, não só suas ações, como também os próprios dados que enumera. O Autor aproveita-se do gênero policial e de espionagem para discutir o próprio gênero romance. Em um mundo de plantação de notícias falsas - como era na época, como é agora -, como estabelecer uma relação com o real? Ou, melhor ainda, o que é o real? Quando, afinal, descobrimos qual a identidade do narrador e qual seria seu papel no desenlace dos acontecimentos, percebemos que nada disso importa, que o que aconteceu - se é que aconteceu algo - não muda um milímetro o caminhar da História... Eis um resumo do livro, pelo próprio narrador: "(...) encontrando-em em Berlim após outro cataclismo, mais uma vez com outro nome, outros nomes, cumprindo o oficio de encomenda munido de diversos passaportes e de uma missão enigmática, sempre prestes a se dissolver, continuando porém a me debater com obstinação em meio a duplicações, aparições intangíveis e imagens recorrentes em espelhos que retornam" (p. 61). Um romance para ser lido e cotejado com os tempos movediços em que vivemos.
(Junho, 2018)
(Junho, 2018)
Avaliação: BOM
Entre aspas:
Entre aspas:
"As velhas palavras sempre já pronunciadas se repetem, contando sempre a mesma velha história, de século em século, retomada uma vez mais, e sempre nova...". (pág. 169)
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