Noites brancas (1848)
Fiódor Dostoiévski (1821-1881) - RÚSSIA
Fiódor Dostoiévski (1821-1881) - RÚSSIA
Tradução: Nivaldo dos Santos
São Paulo: Editora 34, 2005, 96 páginas
Avaliação: BOM
São Paulo: Editora 34, 2005, 96 páginas
Narrativa curta, dividida em quatro noites e uma manhã, que coloca em cena um jovem de 26 anos, que se autodenomina Sonhador, e uma adolescente de 17 anos, Nástienka. Este Sonhador mora em São Petersburgo há oito anos, num quarto de pensão de "paredes verdes enegrecidas, o teto coberto de teias de aranha" (p. 13), cultivando suas obsessões - "Se uma cadeira minha não estiver como na véspera, então fico fora de mim" (p. 13) -, imerso na mais profunda solidão, um homem comum, "absolutamente sem qualquer história" (p. 28). Uma noite, sob a luz "incerta e fantástica" (p. 39) da cidade, as chamadas "noites brancas", o Sonhador encontra Nástienka por acaso, debruçada no parapeito do canal, chorando. Ele se comove com a imagem e tenta se aproximar, mas é rechaçado, até que, assediada por um homem mais velho, Nástienka aceita ser conduzida até sua casa. Ao se despedirem, após insistência do Sonhador, ela promete voltar a encontrá-lo na noite seguinte. E, então, o Sonhador, que fala "maravilhosamente bem", "exatamente como se lesse um livro" (p. 32), se apaixona por Nástienka, embora ela lhe confesse sua paixão por outro, um hóspede que havia alugado um quarto na casa de sua avó, e que prometera voltar para se casar com ela, após passar um ano em Moscou, período que finda naquela época. Na quarta noite, depois de ela desistir de esperar a volta do amado, consente em casar-se com o Sonhador. Chegam até mesmo a traçar planos futuros juntos, mas eis que o amado ressurge e ela opta por ficar com ele. Apesar de frustrado, o Sonhador não se desespera, suspirando, ao final, "Meu Deus! Um momento inteiro de júbilo! Não será isso o bastante para uma vida inteira?..." (p. 82). quando, ele, que nunca conseguira estabelecer "quase nenhuma relação" (p. 11), de certa forma responde às suas indagações anteriores: "o que você fez de seus anos? Onde sepultou a melhor época? Você viveu ou não?" (p.44).
(Outubro, 2018)
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