domingo, 22 de julho de 2018

Crónica familiar (1947)
Vasco Pratolini (1913-1991) - ITÁLIA                
Tradução: José Manuel Calafate    
Lisboa: Unibolso, s/d, 190 páginas





Logo após nascer, em 1918, Ferruccio é deixado aos cuidados do mordomo de uma mansão, nos arredores de Florença. Sua mãe morreu vinte e cinco dias após dar à luz, de complicações provocadas pela gripe espanhola, e seu pai convalescia num hospital dos ferimentos recebidos na guerra. Mas, o que era para ser apenas uma ação piedosa, torna-se uma espécie de doação, quando o pai, já recuperado, toma 300 liras de empréstimo do mordomo e some da vida do menino. Será o irmão, cinco anos mais velho, que contará a breve trajetória de Ferruccio, desde os primeiros anos, quando a avó lhe levava para rápidos encontros formais na cozinha da mansão, até a reaproximação, já em Roma, em um hospital, durante uma nova guerra, quando, desenganado, Ferruccio - abandonado pela mulher e longe da filha - luta contra uma doença que ninguém consegue diagnosticar. Reconstrução de uma época (o entreguerras, na Itália), quando impera a pobreza e a falta de perspectivas, o romance evoca a amizade, o afeto, a passagem inexorável do tempo. Embora o livro termine em 1945, não busque o leitor o tenso ambiente de radicalização política, cenas de combate ao fascismo ou relatos sobre batalhas - somente mencionados, de maneira distante -, pois o narrador quer apenas e tão somente - e não é pouco - fixar a memória do irmão morto ainda jovem, antes dos 30 anos...



(Julho, 2018)




Avaliação: BOM 


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