A jeira de Deus (1933)
Erskine Caldwell (1903-1987) - Estados Unidos
Tradução: Silvano Ferreira
Lisboa: Ulisséia, 1985, 202 páginas
Antes de mais nada, por se tratar de uma tradução portuguesa, esclareço que "jeira" equivale a algo como um pedaço de terra - em inglês, o título do livro é "God's little acre". O romance narra a história de uma família de brancos pobres, brutalizados e amorais, os Walden, que há quinze anos subsistem em um enorme equívoco: o patriarca, Ty Ty, ao invés de plantar algodão em suas terras, na Geórgia, como todos os vizinhos, esburaca-a em busca de ouro. Nesta ilusão envolve os filhos Shaw e Buck, casado com a belíssima Griselda, a filha Darling Jill, os empregados negros Black Sam e Tio Félix, além da filha casada, Rosamond e seu marido, o líder operário Will Thompson, que vivem em Scottsville, uma cidade fabril da Carolina do Sul. Ty Ty tem ainda outro filho, Jim Leslie, o único que, rebelando-se contra a fantasia de riqueza fácil do pai, foi embora, casando-se com uma mulher de posses e tornando-se um bem sucedido especulador de algodão. O romance gira todo em torno da "febre do ouro" que consome Ty Ty, mas principalmente da sexualidade animalesca das personagens*, que irá aniquilar a família, e poderia ser resumido na frase: "Deus pôs-nos em corpos de animais e quis fazer-nos agir como pessoas" (p. 200).
* Valeria a pena estudar a influência de Erskine Caldwell sobre o brasileiro Jorge Amado (1912-2001), que certamente leu o escritor norte-americano.
Avaliação: BOM
(Janeiro de 2016)
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