segunda-feira, 31 de agosto de 2015


A narrativa de Arthur Gordon Pym (1838) 
Edgar Allan Poe (1809-1849) - Estados Unidos 
Tradução de José Marcos Mariani de Macedo 
São Paulo: CosacNaify, 2010, 302 páginas



Este, que é o único romance de Poe, mostra a poderosa imaginação do autor. Escrito em primeira pessoa, trata-se de uma mescla de aventura e terror, gêneros que, embora já existissem antes, ganharam com ele uma roupagem moderna. Filho de comerciantes de Nantucket, importante porto baleeiro situado na costa leste dos Estados Unidos, Pym é um jovem entediado em sua cidade, desejoso de ganhar os mares. Sua sorte muda quando embarca clandestinamente no barco do capitão Barnard, pai de seu amigo Augustus. O que deveria ser uma expedição de pesca à baleia transforma-se em um relato que vai do mais extremado realismo ao mais desvairado fantástico. Ao longo da narrativa, Pym descreve motins, rebeliões, pirataria, e até mesmo uma cena terrível de canibalismo. Após uma série de peripécias, ele e um marujo chamado Peters, únicos sobreviventes de um naufrágio, são reembarcados no navio Jane Guy, que ultrapassa todas as fronteiras conhecidas dos Mares do Sul, para além do Círculo Polar Antártico, onde sobrevivem tribos selvagens em mundos primitivos. Poe inova terminando a narrativa de Pym in media res - ou seja, abruptamente. O ponto fraco do livro é o uso exagerado da linguagem técnica marítima, que serve para provocar a sensação de verossimilhança, mas torna a leitura arrastada.  

Avaliação: BOM

(Julho, 2015)